Conferência
Animais-companheiros nas vidas dos humanos: desafios sociais e éticos
8 e 9 de novembro de 2018
Auditório do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
Lisboa, Portugal
[inscrição gratuita mas obrigatória]
Ter um animal que habita connosco, partilhando o espaço íntimo e privado da casa, com um nome próprio, e com o qual desenvolvemos um laço que é afetivo e particular, é uma experiência que ganhou relevo na vida contemporânea, a qual é pautada pela privatização das relações sociais, bem como pela importância dada às relações interpessoais e aos afetos. Nos lares portugueses, cães e gatos constituem a maioria destes animais, vulgarmente chamados de «animais de companhia», ou «animais domésticos», ou ainda «animais de estimação». Estas designações sublinham, porém, que o olhar que lançamos a estes animais continua a ter como ângulo de partida os humanos, considerando os animais não em si mesmos, mas por relação àqueles e ao serviço que lhes possam prestar, incluindo o de «fazer companhia». Por contraste, a noção de «espécies companheiras», proposta por Donna Haraway, vem problematizar a distinção humano/não-humano, e propor uma continuidade entre espécies que se foram construindo em parceria e co-evolução.
Nesta conferência, organizada pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e pelo Centro de Bioética da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, propomo-nos abordar o tema dos animais-companheiros: animais que partilham com os humanos um habitat que é co-construído, num contínuo inter-espécies que é específico da sua grande proximidade física e afetiva em relação aos humanos. Propomo-nos ainda discutir em que medida o modo como nos relacionamos com estes animais desafia, ou não, a barreira inter-espécies, a partir de áreas temáticas distintas: o seu lugar nas famílias e na vida pessoal dos portugueses, como laço afectivo e fonte de identidade; a sua presença junto da população sénior, num país em processo de envelhecimento acelerado; os modos de os incluir nas formas de pensar a cidade e o território; as questões relacionadas com a sua perda e os processos associados de luto; os seus direitos e respectiva relação com as políticas públicas, em contextos atravessados por múltiplas desigualdades; e a sua representação nos velhos e novos média, incluindo nas redes sociais e no mundo digital.